Fnac nega informação da Fnac

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4 de março de 2017

Fnac nega informação da Fnac

PUBLISHNEWS, CARLO CARRENHO, 02/03/2017

Empresa francesa já contratou um banco para buscar interessados e mediar o negócio, mas filial brasileira afirma que o objetivo é reforçar a operação no país

Na última terça-feira, 28/2, o grupo Fnac Darty divulgou seus resultados para o ano de 2016. O grupo é resultado da fusão, realizada sete meses atrás entre a Fnac e a rede varejista de eletrônicos Darty. O CEO do grupo, Alexandre Bompard, manifestou otimismo quanto à performance do grupo. “ Os resultados da Fnac Darty em 2016 são bastante sólidos e apresentam forte crescimento. Todos os indicadores são positivos”, declarou o executivo. Com um faturamento de 7,418 bilhões de euros e com um crescimento de 2,1% na França e de 1,3% no exterior, parece que há apenas uma exceção para os resultados positivos do grupo francês: o Brasil.

O relatório, que pode ser acessado aqui, parece ignorar completamente o país, mesmo quando aborda as lojas internacionais. O Brasil, aliás, é mencionado apenas en passant, no melhor estilo francês: “A filial brasileira foi classificada como atividade descontinuada (IFRS 5), o Grupo já iniciou um processo ativo de busca de um parceiro que poderá levar à saída do país.” Foi esta frase que levou a mídia brasileira a noticiar que a Fnac teria anunciado a saída do Brasil. Não foi bem um anúncio, mas uma ação contábil que reflete uma decisão sólida da administração da empresa. Quando uma operação é classificada como IFRS 5, ela tem que estar disponível para venda imediata e sua venda tem de ser altamente provável, segundo os parâmetros da própria International Financial Reporting Standards (IFRS).

Um outro documento disponibilizado pela Fnac Darty, o Relatório de Atividades e Contas Consolidadas, traz mais algumas informações sobre a operação brasileira: “A Fnac já se engajou em um processo de busca de parceiros no Brasil que poderá levar à saída completa do país. Um banco de investimentos foi contratado para identificar parceiros em potencial e gerenciar as discussões. A Fnac Brasil está prejudicada por sua falta de massa crítica em um mercado amplo e já consolidado.”

Na apresentação dos resultados realizada ontem, 1/3, Alexandre Bomapard foi questionado sobre a saída do Brasil. "Nós já estamos analisando a situação há algum tempo e temos um grande problema no Brasil: não temos um tamanho crítico suficiente, o que nos impede de sermos lucrativos", afirmou o CEO. Em seguida, Bompard lembrou o momento do grupo, que acaba de ser formado por uma grande fusão. "Não há como alcançar um tamanho crítico porque estamos sob uma avalanche de projetos e com um número imenso de coisas para fazer para garantir o sucesso da integração na Europa e temos de evitar distrações. O Brasil tem muito pouco impacto nas vendas e em outros indicadores", explicou. "Estamos ativamente buscando por parceiros no Brasil e acredito que vários interessados vão querer falar com a gente. (...) A melhora macroeconômica no país torna o momento mais favorável e outras empresas podem se sentir mais atraidas ao nosso negócio", declarou. Já a revista britânica The Bookseller enfatizou, ao confirmar a decisão da venda dos ativos brasileiros por parte da Fnac, que a empresa francesa não se sente pressionada. Segundo o respeitado veículo inglês, Bompard deixou claro que “não há pressa" e que "a situação está sob controle” no que se refere à operação brasileira.

Na última quarta-feira, 1/3, no entanto, a filial brasileira da Fnac emitiu um comunicado onde nega que a empresa queira deixar o Brasil. Reproduzimos o texto na íntegra:

São Paulo, 1º de março de 2017

COMUNICADO AO MERCADO

A Fnac anunciou nesta terça-feira o seu resultado 2016. O novo grupo Fnac Darty está agora focado na nova estratégia de integração com Darty, transformando-se em um relevante player no continente europeu. A operação brasileira precisa ter um tamanho crítico no sentido de ser relevante e reforçar sua posição de mercado. Devido a isso, a Fnac iniciou um processo ativo de busca de parceiro local para continuar e reforçar sua operação no país.

Fnac Brasil

O comunicado acima destoa radicalmente em sua última frase – "reforçar sua operação no país" – das informações divulgadas na Europa pela Fnac Darty em seus relatórios oficiais. Afinal, os mesmos afirmam que a busca de parceiros locais poderá levar à saída definitiva do país. O fato é que a contabilidade do grupo francês já classificou a operação brasileira como ativo descontinuado e os relatórios basicamente ignoram o Brasil.

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