A arte do encontro com livros e pessoas

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30 de novembro de 2020

A arte do encontro com livros e pessoas

Era eu um menino de 17 anos que fazia bicos num comércio de secos e molhados quando consegui meu primeiro emprego. Fui ser office boy numa livraria, encarregado de levar livros para os clientes. A ideia era ficar dois anos, para depois me dedicar à carreira que escolhera. Pensava em ser dentista.

Até aquele dia, só tinha entrado numa livraria uma vez, para comprar um dicionário. De lá para cá, virei conselheiro, consultor literário, psicólogo… Sou livreiro, formado em Administração. E até meu casamento nasceu entre os livros, já que há 20 anos me encantei por uma moça, muito simpática e inteligente, que passou a trabalhar comigo.

Essas são apenas algumas das muitas histórias que vivi ao longo dos meus 38 anos dentro de livrarias. Agora, nós, livreiros, estamos empenhados na campanha #tudocomecanalivraria, convidando a todos que puderem compartilhar suas experiências vividas nas livrarias. A intenção, com o uso da hashtag, é chamar a atenção para esse espaço único de convivência e de trocas, reunindo histórias de leitores de todo o Brasil, como os que venho atendendo ao longo de décadas.

Nossa inspiração foi a similar espanhola #TodoEmpiezaEnUnaLibrería, mas poderia ser outra das campanhas surgidas entre livreiros de países como a Inglaterra, que se uniram para atrair de volta os leitores, após cerca de quatro meses de confinamento por causa da pandemia do novo coronavírus. Não por acaso, a Bélgica acaba de declarar as livrarias como lugar de “primeira necessidade”. Ou seja: lá, elas — assim como farmácias, supermercados e hospitais —  ficarão abertas durante a nova quarentena imposta pela segunda onda europeia da pandemia. Os belgas perceberam como esta é uma questão de saúde mental.

O que queremos, aqui e lá fora, é chamar a atenção para o papel social da livraria. Defendendo a livraria defendemos, claro, toda uma indústria: autores, gráficos, distribuidores, livreiros… Mas, acima de tudo, tomamos partido desta relação que é única e direta: a do livro com o leitor. Esta relação nasce de um encontro entre ambos. Um encontro físico que permite descobertas muito além de uma paquera virtual. E nós, os profissionais do livro, acabamos sendo cupidos. Sim, porque para ser livreiro não basta ser empreendedor. É preciso ser um livreiro empreendedor. O gestor, neste caso, tem que viver o dia a dia da livraria, ter contato com seus clientes, que são de todas as classes, etnias, ideologias…

Então, aproveito que amanhã,  30 de novembro, comemoramos o Dia da Livraria e do Livreiro, e convido todos a participar deste reencontro com o livro. A fazer e viver histórias que alimentem o #Tudocomeçanalivraria. Porque esta é uma campanha que não tem data para acabar. Assim como livros e livrarias.

Vitor Tavares é presidente da Câmara Brasileira do Livro

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