Evento realizado em Atibaia, SP, contou mais de 300 participantes, palestrantes e representantes das principais entidades do segmento

No 2º Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos, realizado de 2 a 4 de agosto, em Atibaia, SP, foram discutidos temas relevantes e inovadores que estão moldando o cenário editorial. O evento "Livro é o que nos une" foi organizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e contou com a presença de palestrantes e representantes das principais entidades da cadeia do livro. Ao longo três dias, o evento contou 337 participantes, 19% a mais que em 2022. Foram 18 expositores e 30 patrocinadores.

Nesta quinta e sexta-feira, diversos tópicos foram abordados, incluindo a aplicação da Inteligência Artificial (IA) no mercado editorial. Peter Schoppert, diretor da Nus Press, de Singapura, compartilhou insights sobre as soluções que a IA pode oferecer aos editores, destacando o avanço rápido dessa tecnologia nos últimos anos. Ele enfatizou a importância de utilizar a IA para aprimorar processos editoriais, trabalhando em conjunto com os profissionais humanos.

“A IA não é só um software é um ecossistema. Quem cria os dados são os humanos, o que os algoritmos são treinados, aprendendo a prever quais palavras virão em seguida. Esses módulos são repetidores de padrões”, diz. Para Peter a postura a ser tomada pela cadeia do livro deve é saber melhorar o processo da mensagem final, utilizar as inteligências, não para substituir pessoas, mas sim para melhora-los.

Já, Luciana Frachetta, cofundadora e diretora de comunicação da Antofágica, realizou uma palestra sobre a importância do marketing e da comunicação na potencialização das vendas, ressaltando estratégias como a criação de conteúdos interativos e o uso das redes sociais para engajar os leitores. Luciana mostrou como criou uma estratégia de falar com os jovens nas redes sociais. Ela contou as diversas formas criativas de comunicação com os variados públicos da editora. “A força das redes sociais é determinada pela força do seu conteúdo. Imprima personalidade naquilo que você está fazendo, isso vai ser o diferencial do seu conteúdo”, diz.

Já nesta sexta-feira, 04, durante as mesas de discussão, os participantes também exploraram os desafios e oportunidades da Produção Limpa na indústria editorial. A sustentabilidade e a responsabilidade ambiental foram temas centrais, com Jorge Pedro de Castro Stein, da Posigraf, e Luciano Monteiro, vice-presidente da CBL e diretor global de comunicação e de Sustentabilodade do Grupo Santillana, compartilhando informações sobre práticas sustentáveis e certificações de origem sustentável. A discussão também se concentrou na redução do uso de plástico e na importância de conscientizar o público sobre a reciclagem e o descarte adequado de materiais editoriais.

Luciano mencionou os esforços das economias mundiais para regular o setor. “O que estamos vendo na Europa é um movimento regulatório muito forte, para todas as áreas da economia, que levem a práticas mais limpas. No caso da Santillana, ter um papel de origem certificada é um grande avanço. Nos 19 países em que atuamos, 99,7% do papel utilizado é de uso certificado, 100% de origem sustentável. Com uma operação sustentável, o impacto econômico vem. Tenho visto vontade das companhias em implantar práticas”, afirma.

Ele completa que são 160 milhões de exemplares produzidos no caso do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que precisam ser entregues no brasil inteiro, por ano.  Ele ressalta que é necessário ter política forte para o descarte. “Começamos uma discussão na CBL para orientar o setor em termos de boas práticas sustentáveis, nos próximos meses devemos ter recomendações para o setor. Podemos ajudar as empresas de qualquer porte com dicas para onde ir”.

A mesa dedicada à censura no mundo literário trouxe à tona a importância da liberdade de expressão e a discussão sobre obras que foram alvo de censura ao longo da história. Gustavo Martins de Almeida, advogado e conselheiro do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL); e Luciana Borges, diretora comercial do grupo Companhia das Letras, destacaram os desafios enfrentados pelos escritores e editores diante de restrições e autocensura, ressaltando a necessidade de manter um diálogo aberto e inclusivo para atender a diversos públicos. O painel foi mediado pelo jornalista Walter Porto, da Folha de S.Paulo.

A inovação no mercado editorial foi um ponto central do evento, com painel que reuniu Anselmo José Bortolin (CEO da UmLivro), Marcio Uva (Consultor gráfico) e André Palme (Chief Marketing & Content Officer da Skeelo), com mediação da diretoria executiva da CBL, Fernanda Garcia. Eles discutiram tendências e tecnologias que estão impulsionando a indústria do livro e abordaram a aplicação de tecnologias como impressão sob demanda e utilização de diferentes plataformas como forma de otimizar a produção e alcançar um público diversificado.

O Encontro de Editores, Livreiros, Distribuidores e Gráficos proporcionou um espaço de diálogo e reflexão sobre os desafios e avanços da indústria editorial, com discussões relevantes sobre IA, sustentabilidade, censura e inovação. A diversidade de temas abordados reflete a complexidade e a vitalidade do setor, bem como a necessidade contínua de adaptação e evolução. Sevani Matos, presidente da CBL, encerrou o encontro falando a importância do livro. "Todos nós da CBL trabalhamos por uma importante causa, o livro é um importante instrumento transformador. É um importante agente transformador para a formação e educação da sociedade", finaliza.