Mercado africano: uma porta que deveríamos abrir

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8 de junho de 2017

Mercado africano: uma porta que deveríamos abrir

Luis Antonio Torelli

 

Em maio, tive a oportunidade de participar da Missão Ministerial África do Sul e Moçambique 2017, realizada pelo Ministério de Relações Exteriores com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A missão teve como objetivo promover negócios internacionais e o desenvolvimento e a formação de parcerias estratégicas entre empresários do Brasil e da África.

 

Fui convidado para representar o mercado editorial brasileiro, focando principalmente na exportação de direitos autorais e na produção em língua portuguesa, já que o Brasil tem a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Câmara Brasileira do Livro, além do projeto Brazilian Publishers (também em parceria com a Apex-Brasil), possui um grupo de especialistas voltados exclusivamente para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, coordenado por Francis Manzoni. Foi uma experiência única e muito enriquecedora.

 

Em nossa última reunião da Comissão para a Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa (CPCLP), tivemos oportunidade de receber autores moçambicanos de renome, que nos mostraram um pouco sobre sua cultura e literatura, antes de seguirem para Poços de Caldas, onde participaram da programação oficial da FLIPOÇOS. Estiveram presentes Ungulani Ba Ka Khosa, Paulina Chiziane, Mbate Pedro, Lucílio Mantaje, Sangare Okapi e Dany Wambire. Porém, foi em Maputo, capital de Moçambique, que pude viver e entender de uma forma muito mais precisa toda a realidade do país.

 

Fomos recepcionados com um evento de reabertura do Centro Cultural Brasil – Moçambique (CCBM), com a presença do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira Filho, o Senador Antônio Anastasia e o diretor de Cultura de Moçambique, Sr. Roberto Dove. Durante a solenidade, houve uma homenagem para Paulina Chiziane, que tive o prazer de conhecer ainda no Brasil, em nossa reunião da CPCLP. Paulina, além de ser uma das mais reconhecidas autoras do país africano, marcou a história ao se tornar a primeira mulher a publicar um romance em Moçambique. Seus livros são publicados inclusive no Brasil.

 

Ao todo foram 2 dias em Maputo, onde pude conhecer mais sobre o mercado editorial do país. Ao visitar livrarias percebi que a grande maioria de publicações eram de Portugal. O que me fez questionar: se todos falamos a mesma língua, por que não temos mais livros do Brasil? Existe aí um mercado que merece receber a nossa atenção.

 

Na sequência, fomos para a África do Sul, que mostrou aspectos que comprovam a importância de investirmos no exterior e de procurarmos conhecer mercados nos quais ainda não estamos tão presentes. Um dos países mais ricos do continente apresentou uma economia, base educacional e cultural desenvolvida, que tendem a continuar crescendo. Pude visitar livrarias imensas, com livros de todos os segmentos mas, infelizmente, poucos brasileiro.

 

Passamos por Joanesburgo, o centro financeiro da África do Sul, e Pretória, capital do país. Foram 5 dias de reuniões e apresentações de projetos com os sul-africanos, com participação de 35 executivos brasileiros de diferentes áreas, como indústria têxtil, álcool e tecnologia.

 

Em Moçambique, encontramos espaço para a troca da cultura da língua portuguesa, e aproveitamos a oportunidade de convida-los para participar da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2018. Nesse país existe abertura para disseminarmos a literatura brasileira.  Já na África do Sul, grande parte das publicações eram dos Estados Unidos. Lá, tudo que se investe rende frutos, e acredito que não será diferente com a produção editorial brasileira.  Precisamos nos aproximar desses países e entendermos quais são os mercados a serem conquistados.

 

A participação de setores da Economia Criativa, em especial do mercado editorial, em missões como essa são de suma importância não apenas para o desenvolvimento da nossa indústria criativa, mas também para o fortalecimento da marca Brasil no exterior. Essa primeira missão nos rendeu a abertura das portas, mas cabe a nós, mercado editorial, decidirmos se e como vamos investir para fortalecer esses laços.

 

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