A recente decisão de assegurar a imunidade do livro na Reforma Tributária corre o risco de não gerar os impactos sociais esperados em função do atual texto da regulamentação (PLP 68/24) em discussão na Câmara dos Deputados. Sem a manutenção dos créditos nas operações anteriores na cadeia produtiva do livro, o setor calcula um aumento de custos de ao menos 16%. O impacto negativo, se mantido o texto da regulamentação em discussão, também afetará as compras públicas de livros, como é o caso do Programa Nacional do Livro Didático, que atende mais de 30 milhões de alunos.
É importante detalhar que hoje os livros não têm nenhuma carga tributária (imunidade de impostos e alíquota zero de PIS/COFINS) e as empresas do setor mantêm créditos sobre operações anteriores, o que reduz o custo final dos livros. A Reforma Tributária preservou a imunidade dos livros frente ao IBS e CBS, mas o PLP 68/24 não garante a manutenção dos créditos para operações anteriores, o que contraria a lógica de desoneração da cadeia produtiva do livro.
As entidades do setor do livro defendem que o tratamento atual seja mantido na regulamentação da reforma tributária. Sem isso, os custos tributários sobre insumos adquiridos pelas empresas do setor aumentarão, elevando o preço dos livros e impactando negativamente a educação, cultura e difusão do conhecimento. Cabe destacar que o setor vem enfrentando uma forte retração ao longo dos anos e qualquer aumento de custos terá efeitos devastadores na cadeia, gerando aumento no preço final ao leitor.
A manutenção dos créditos gerados ao longo da cadeia permite a simplificação tributária, assegura a desoneração completa do setor e fortalece o direito fundamental de acesso à Educação e à Cultura.
Mário Ghio
Associação Brasileira de Sistemas e Plataformas de Educacionais (ABRASPE)
Ângelo Xavier
Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (ABRELIVROS)
Sevani Matos
Câmara Brasileira do Livro (CBL)
Dante Cid
Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL)