Pesquisa mostra ainda que o faturamento das editoras com as vendas de conteúdo digital apresenta crescimento nominal de 39%, mas representa apenas 8% de todo setor
Em 2023, as editoras registraram faturamento de R$ 4 bilhões nas vendas ao mercado, o que representa decréscimo nominal de 0,8%. É o que mostra a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, coordenada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), com apuração da Nielsen BookData. Confira aqui a pesquisa completa.
Segundo a pesquisa, o setor registrou retração no faturamento de 5,1% em termos reais, considerada a variação do IPCA de 4,62%, na comparação com 2022. O número de exemplares vendidos ao mercado apresentou redução de 8% no período. A pesquisa considera o desempenho do mercado em 2023, dividido em quatro subsetores: Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais).
Para a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, o setor tinha expectativas de uma recuperação mais favorável no resultado do ano passado. “Começamos 2023 otimistas, especialmente com o avanço das entregas das editoras e de didáticos durante o ano, o que melhorou bastante os números no primeiro semestre. No entanto, com a alta das taxas de juros e crescimento econômico moderado no país, o resultado final apenas se aproximou ao da inflação”, detalha Sevani Matos.
"Os números da pesquisa espelham o baixo desempenho da economia brasileira. Junto a isso, o subsetor CTP continua em queda em livros físicos. Mesmo que tenha havido um crescimento em livros digitais, aumentando sua participação no total do setor, essa subida não foi capaz de alavancar o todo", argumentou Dante Cid, presidente do SNEL.
Em 2023, o setor editorial brasileiro produziu 45 mil títulos e 320 milhões de exemplares. A pesquisa apontou ainda um aumento nominal de 7,9% do preço médio do livro. Em termos reais a variação é de 3,2%.
“É importante destacar que, ainda que nos últimos anos possa ser observado um aumento nominal do preço médio do livro, quando descontada a inflação isso não se concretiza. De 2006 a 2024 o preço médio do livro registrou queda de 36,4% em termos reais”, destaca Mariana Bueno, coordenadora de Pesquisas econômicas e setoriais Nielsen BookData.
Subsetores
Nas vendas ao mercado, o subsetor de Obras Gerais registrou um recuo nominal de 2,5%, e de 6,8% quando considerada a inflação. O de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais), a queda nominal foi ainda mais significativa, com variação negativa de 5,9% e de 10,1% em termos reais. Já os subsetores de Didáticos e Religiosos apresentaram desempenho nominal positivo nas vendas ao mercado, com crescimento de 1,2% e 4,5% respectivamente. Porém, apesar do crescimento nominal, houve queda real de 3,3% no subsetor de didáticos e uma ligeira retração de 0,1%, empatando com a inflação no subsetor de religiosos.
Canais de Distribuição
O canal de livrarias exclusivamente virtuais manteve a liderança no ranking de participação no faturamento das editoras, representaram 32,5% do faturamento no ano, enquanto os sites próprios e marketplaces ganharam destaque, aparecendo pela primeira vez entre os cinco principais canais com grau importante no faturamento das editoras de todos os subsetores, com maior importância em didáticos e CTP.
Livros digitais
A “Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro”, outra parceria entre a CBL e SNEL, com apuração da Nielsen BookData, tem pela quinta vez nesta edição o relatório do segmento divulgado, apresentado desde 2020. O faturamento das editoras com conteúdo digital apresentou alta nominal de 39% em 2023, com um crescimento real de 33%. O crescimento foi impulsionado pelo desempenho de plataformas educacionais e bibliotecas virtuais, que registraram altas nominais de 68% e 59%, respectivamente. Nos últimos cinco anos, o faturamento com conteúdo digital cresceu 158% em termos reais. Em 2023, os conteúdos digitais corresponderam a 8% no faturamento das editoras (impresso + digital), isso significa um aumento de 2 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Na categoria À La Carte, ou seja, quando há a comercialização de uma unidade inteira de e-book ou audiobook, a evolução do faturamento das editoras apresentou crescimento real de 18%. No caso dos e-books, o faturamento cresceu 17% em termos reais.
Para mais informações, acesse os sites da CBL e do SNEL.