Prêmio Jabuti representa "divisor de águas" na carreira de escritores

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11 de agosto de 2023

Prêmio Jabuti representa "divisor de águas" na carreira de escritores

Além de consagrar aqueles que já publicaram várias obras, este ano, a 65ª edição da premiação traz categoria dedicada aos autores estreantes

A realização de um sonho, uma visibilidade gigantesca, um divisor de águas. Para além de ser o maior e mais tradicional prêmio literário do país, o Prêmio Jabuti tem um significado mais do que especial para os autores que são consagrados por suas obras com a cobiçada estatueta. Enquanto o mercado literário se movimenta para a 65ª edição do evento, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) relembra as transformações nas vidas de alguns dos recentes vencedores.

Feitas as inscrições de seus trabalhos em diferentes categorias do Prêmio Jabuti, os autores compartilham expectativas e muita torcida. Mas no momento em que seus nomes são pronunciados no palco como grandes vencedores, todos dividem a mesma sensação: a grata surpresa.

“A gente sempre tem a expectativa. O prêmio da categoria infantil ou de ilustração já era um sonho. Quando Sagatrissuinorana foi anunciado como livro do ano...foi um impacto, um êxtase. Para mim, o Jabuti foi um divisor de águas. Um prêmio dessa escala te autoriza a sonhar mais, trabalhar mais. Te pega pela mão e diz ‘você está no caminho certo, segue em frente’. Claro que não dá pra viver em função do prêmio, mas ele dá muita auto estima para nós”, comenta o autor João Luiz Guimarães, vencedor da categoria Livro do Ano na 63ª edição do prêmio, junto com o ilustrador da obra, Nelson Cruz. Sagatrissuinorana, da Ôzé Editora, é uma homenagem a João Guimarães Rosa que reconta a fábula dos três porquinhos tendo como pano de fundo o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho.

João destaca ainda um outro olhar que o Prêmio Jabuti lançou sobre a categoria infanto-juvenil, na sua visão:

“A categoria infantil não é tão valorizada como um romance, por exemplo. Essa área ainda é bem difícil. Acho que as apostas estavam em outros livros. Foi muito corajoso do Jabuti bancar esse prêmio. Gerou uma discussão muito válida. Afinal, o infanto-juvenil trabalha com leitores em formação, que amanhã vão conhecer os romances, vão conhecer o Guimarães de verdade”, diz ele.

Quem também sentiu o gostinho e a satisfação de levar um ‘jabuti’ para casa, e ter sua obra (Solo para Vialejo) repercutida por todos os cantos do país, foi a poeta pernambucana Cida Pedrosa:

“O prêmio me colocou numa visibilidade nacional que eu não tinha. Isso possibilitou olharem para minha literatura para além do livro que ganhei. Claro, não basta só ganhar o Prêmio Jabuti.  Mas o fato de ter ganho, me colocou na crítica nacional e foi um up na minha carreira”, relembra Cida, que venceu nas categorias Poesia e Livro do Ano, na edição de 2020 do Prêmio Jabuti. E complementa:

“Eu já escrevo há 40 anos. Todos diziam que Solo para Vialejo era potente. Mas eu achava que já tinha muita gente porreta concorrendo. Ganhar o prêmio foi uma grande surpresa. Ter o trabalho reconhecido é melhor do que ganhar qualquer dinheiro. Estou muito feliz com tudo que tem acontecido na minha carreira de lá (do prêmio) para cá”, conta Cida, que acrescenta que gostaria de ter tido a oportunidade de participar da Feira do Livro de Frankfurt, cuja participação será garantida, de forma inédita, ao vencedor da categoria Livro do Ano desta 65ª edição do prêmio, este ano. Na feira, o vencedor da categoria Livro do Ano poderá participar de uma agenda especial elaborada pela CBL para reuniões com editores, agentes literários e outros escritores do mundo todo. Além da participação no evento, o vencedor também levará para casa a estatueta e o valor de R$ 70 mil.

“Quem dera que todos os prêmios desses essa oportunidade. Também gostei da nova categoria para os novos autores. Acho que vai alavancar a carreira de muita gente jovem, ou até mesmo idosa que está começando na escrita. O Jabuti te liga às livrarias, às críticas, faz com que você seja reconhecido”, acrescenta ela, sobre mais uma novidade do prêmio para este ano. A categoria Escritor Estreante foi criada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) com o objetivo de prestigiar quem está começando na carreira literária. É uma forma de democratizar o prêmio e dar visibilidade a novos talentos.

No ano passado, a obra que levou o título de Livro do Ano foi de poesia, Também guardamos pedras aqui,  da escritora Luiza Romão. Quase um ano após o prêmio, Romão ainda se surpreende com a conquista:

“Às vezes acho que a ficha ainda não caiu. Não achava nem que fosse ganhar a categoria Poesia, imagina Livro do Ano. O prêmio é uma continuidade de um trabalho. Ao mesmo tempo, é uma grande oportunidade de poder alcançar um público leitor que não me conhecia. Depois do Jabuti, esse meu livro já está indo para a terceira edição”, conta ela.

A autora também aplaude a iniciativa de incluir a Feira do Livro de Frankfurt como parte da premiação do Jabuti:

“A literatura brasileira tem um referencial muito da Europa. Interessante inverter essa lógica e viabilizar que escritores brasileiros possam ocupar essas feiras e divulgar seus trabalhos”, acrescenta Luiza Romão.

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