{"id":50910,"date":"2019-03-27T00:00:00","date_gmt":"2019-03-27T03:00:00","guid":{"rendered":"https:\/\/cbl.org.br\/2019\/03\/27\/por-que-o-e-book-nao-vingou-no-mercado-editorial\/"},"modified":"2022-05-26T15:40:50","modified_gmt":"2022-05-26T18:40:50","slug":"por-que-o-e-book-nao-vingou-no-mercado-editorial","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/cbl.org.br\/es\/2019\/03\/por-que-o-e-book-nao-vingou-no-mercado-editorial\/","title":{"rendered":"Por que o e-book n\u00e3o vingou no mercado editorial?"},"content":{"rendered":"
Jos\u00e9 Mota<\/a><\/span>\u00a0| em\u00a026 de mar\u00e7o de 2019 - Money Report https:\/\/bit.ly\/2uxe3mc<\/a> A \u00faltima pesquisa sobre as vendas de e-books no Brasil, divulgada em 2017 com base em n\u00fameros de 2016, mostrou que os livros nesse formato correspondiam a apenas 1,09% do mercado editorial. De l\u00e1 para c\u00e1, n\u00e3o mudou muito. Segundo Vitor Tavares, livreiro h\u00e1 35 anos e presidente da C\u00e2mara Brasileira do Livro (CBL), os e-books ainda n\u00e3o representam uma fatia consider\u00e1vel de vendas e s\u00e3o pouco citados como formato vi\u00e1vel no mercado editorial. \u201cPor dois motivos: o pre\u00e7o e a falta de interesse pela leitura por parte da popula\u00e7\u00e3o brasileira\u201d, explica Tavares, em entrevista a MONEY REPORT. Segundo o presidente da CBL, o e-book n\u00e3o desaparecer\u00e1, mas tamb\u00e9m n\u00e3o representar\u00e1 uma amea\u00e7a ao livro de papel, como chegaram a pensar alguns editores no passado. A seguir, sua entrevista.<\/p>\n Por que as vendas de livros digitais n\u00e3o decolaram?<\/strong><\/p>\n Penso que isso se deve a diversos fatores. O brasileiro ainda n\u00e3o tem o h\u00e1bito de ler textos muito longos na tela de um smartfone ou tablet. Gostamos de tecnologia digital, mas n\u00e3o o suficiente para ler livros nesse formato. Outra quest\u00e3o \u00e9 o pre\u00e7o do e-book. Aqui no Brasil, um livro digital custa praticamente o mesmo valor de um livro impresso. Sem contar que, como mostram pesquisas, boa parte da popula\u00e7\u00e3o brasileira n\u00e3o tem o h\u00e1bito de ler livros.<\/p>\n Por que o pre\u00e7o do livro digital n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o atrativo?<\/strong><\/p>\n Embora n\u00e3o pare\u00e7a, quando comparado ao livro impresso, o livro digital envolve muitos custos. Uma editora n\u00e3o consegue vender diretamente um e-book. Tem que colocar em uma plataforma distribuidora, que repassa o custo para os editores. E como a procura por livros digitais \u00e9 baixa, os poucos e-books que s\u00e3o produzidos t\u00eam um pre\u00e7o muito pr\u00f3ximo ao do livro impresso.<\/p>\n Como est\u00e3o as vendas de e-book em outros pa\u00edses?<\/strong><\/p>\n Vou citar um exemplo. Voltei h\u00e1 pouco da Feira (do livro) de Londres. L\u00e1, n\u00e3o escutei uma \u00fanica vez sequer algu\u00e9m falar sobre livros digitais. Isso mostra que o que prevalece mesmo s\u00e3o os livros impressos. Quando o e-book foi lan\u00e7ado em outros pa\u00edses, foi uma festa, houve um aumento nas vendas, muitos acreditaram que seria o fim dos livros impressos. Mas, como estamos percebendo, n\u00e3o \u00e9 bem assim. As vendas est\u00e3o caindo.<\/p>\n Como est\u00e1 o mercado editorial brasileiro?<\/strong><\/p>\n Apesar da crise no ano passado, com o pedido de recupera\u00e7\u00e3o judicial das redes de livrarias Cultura e Saraiva, o setor est\u00e1 est\u00e1vel. O livro impresso n\u00e3o vai acabar. A presen\u00e7a de livros digitais n\u00e3o \u00e9 uma amea\u00e7a, mas sim uma amostra de que o mercado editorial sempre se reinventa, sobretudo quando passa por crise no modelo de neg\u00f3cios, como essa que presenciamos agora.<\/p>\n Pesquisa divulgada em 2017 mostrou que menos da metade (37%) das editoras brasileiras produziam livros digitais. Custa muito caro produzir um livro?<\/strong><\/p>\n Sem d\u00favida. Em um livro est\u00e3o embutidos direitos autorais para quem escreveu a obra, pagamento a diagramador, revisor, tradutor, revisor da tradu\u00e7\u00e3o, gr\u00e1fica \u2013 quando o livro \u00e9 impresso -, e outros sal\u00e1rios. N\u00e3o falo em n\u00fameros, pois varia muito de uma editora para outra, ou de autores para autores. Mas, no fim, produzir livros \u00e9 um processo custoso.<\/p>\n At\u00e9 que ponto a compra de livros did\u00e1ticos pelo Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o (MEC) garante o faturamento das editoras?<\/strong><\/p>\n Paras as editoras, o MEC tem um peso grande. Os editores que emplacam obras liter\u00e1rias nos editais de compras conseguem manter o faturamento constante, visto que o governo compra muitos livros de uma s\u00f3 vez. Para se ter uma ideia, h\u00e1 editoras que produzem apenas livros did\u00e1ticos para o setor p\u00fablico e est\u00e3o assim h\u00e1 anos. H\u00e1 casos de uma compra do MEC sustentar o faturamento de uma editora por dois anos.<\/p>","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Jos\u00e9 Mota<\/a><\/span>\u00a0| em\u00a026 de mar\u00e7o de 2019 - Money Report https:\/\/bit.ly\/2uxe3mc<\/a> A \u00faltima pesquisa sobre as vendas de e-books no Brasil, divulgada em 2017 com base em n\u00fameros de 2016, mostrou que os livros nesse formato correspondiam a apenas 1,09% do mercado editorial. De l\u00e1 para c\u00e1, n\u00e3o mudou muito. Segundo Vitor Tavares, livreiro h\u00e1 35 anos e presidente da C\u00e2mara Brasileira do Livro (CBL), os e-books ainda n\u00e3o representam uma fatia consider\u00e1vel de vendas e s\u00e3o pouco citados como formato vi\u00e1vel no mercado editorial. \u201cPor dois motivos: o pre\u00e7o e a falta de interesse pela leitura por parte da popula\u00e7\u00e3o brasileira\u201d, explica Tavares, em entrevista a MONEY REPORT. Segundo o presidente da CBL, o e-book n\u00e3o desaparecer\u00e1, mas tamb\u00e9m n\u00e3o representar\u00e1 uma amea\u00e7a ao livro de papel, como chegaram a pensar alguns editores no passado. A seguir, sua entrevista.<\/p>\n Por que as vendas de livros digitais n\u00e3o decolaram?<\/strong><\/p>\n Penso que isso se deve a diversos fatores. O brasileiro ainda n\u00e3o tem o h\u00e1bito de ler textos muito longos na tela de um smartfone ou tablet. Gostamos de tecnologia digital, mas n\u00e3o o suficiente para ler livros nesse formato. Outra quest\u00e3o \u00e9 o pre\u00e7o do e-book. Aqui no Brasil, um livro digital custa praticamente o mesmo valor de um livro impresso. Sem contar que, como mostram pesquisas, boa parte da popula\u00e7\u00e3o brasileira n\u00e3o tem o h\u00e1bito de ler livros.<\/p>\n Por que o pre\u00e7o do livro digital n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o atrativo?<\/strong><\/p>\n Embora n\u00e3o pare\u00e7a, quando comparado ao livro impresso, o livro digital envolve muitos custos. Uma editora n\u00e3o consegue vender diretamente um e-book. Tem que colocar em uma plataforma distribuidora, que repassa o custo para os editores. E como a procura por livros digitais \u00e9 baixa, os poucos e-books que s\u00e3o produzidos t\u00eam um pre\u00e7o muito pr\u00f3ximo ao do livro impresso.<\/p>\n Como est\u00e3o as vendas de e-book em outros pa\u00edses?<\/strong><\/p>\n Vou citar um exemplo. Voltei h\u00e1 pouco da Feira (do livro) de Londres. L\u00e1, n\u00e3o escutei uma \u00fanica vez sequer algu\u00e9m falar sobre livros digitais. Isso mostra que o que prevalece mesmo s\u00e3o os livros impressos. Quando o e-book foi lan\u00e7ado em outros pa\u00edses, foi uma festa, houve um aumento nas vendas, muitos acreditaram que seria o fim dos livros impressos. Mas, como estamos percebendo, n\u00e3o \u00e9 bem assim. As vendas est\u00e3o caindo.<\/p>\n Como est\u00e1 o mercado editorial brasileiro?<\/strong><\/p>\n Apesar da crise no ano passado, com o pedido de recupera\u00e7\u00e3o judicial das redes de livrarias Cultura e Saraiva, o setor est\u00e1 est\u00e1vel. O livro impresso n\u00e3o vai acabar. A presen\u00e7a de livros digitais n\u00e3o \u00e9 uma amea\u00e7a, mas sim uma amostra de que o mercado editorial sempre se reinventa, sobretudo quando passa por crise no modelo de neg\u00f3cios, como essa que presenciamos agora.<\/p>\n Pesquisa divulgada em 2017 mostrou que menos da metade (37%) das editoras brasileiras produziam livros digitais. Custa muito caro produzir um livro?<\/strong><\/p>\n Sem d\u00favida. Em um livro est\u00e3o embutidos direitos autorais para quem escreveu a obra, pagamento a diagramador, revisor, tradutor, revisor da tradu\u00e7\u00e3o, gr\u00e1fica \u2013 quando o livro \u00e9 impresso -, e outros sal\u00e1rios. N\u00e3o falo em n\u00fameros, pois varia muito de uma editora para outra, ou de autores para autores. Mas, no fim, produzir livros \u00e9 um processo custoso.<\/p>\n At\u00e9 que ponto a compra de livros did\u00e1ticos pelo Minist\u00e9rio da Educa\u00e7\u00e3o (MEC) garante o faturamento das editoras?<\/strong><\/p>\n Paras as editoras, o MEC tem um peso grande. Os editores que emplacam obras liter\u00e1rias nos editais de compras conseguem manter o faturamento constante, visto que o governo compra muitos livros de uma s\u00f3 vez. Para se ter uma ideia, h\u00e1 editoras que produzem apenas livros did\u00e1ticos para o setor p\u00fablico e est\u00e3o assim h\u00e1 anos. 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